O Parque das Pedras Salgadas sofreu com a natural deserção que assolou a maior parte dos parques termais. Após a Segunda Guerra Mundial, com os avanços da medicina e a crescente preferência turística pelas praias, o parque vai perdendo gente e os edifícios, desocupados, ruem sem perspectiva de solução à vista.
Uma altura em que os parques termais – e a generosa natureza onde se enquadravam – eram o último reduto de salubridade e saúde para as mulheres e para os homens de uma sociedade crescentemente moderna mas dotada de parcos meios de diagnóstico e terapia.
Na recuperação do Parque Termal de Pedras Salgadas as Snake Houses apelam indubitavelmente à infância e ao seu património de sonhos. Quem nunca quis ter uma casa na árvore e nunca envelhecer, como o Peter Pan? As casas-cobra, dispensando o formato ortogonal e erguidas sobre estacas, surgem de forma silenciosa por entre as copas das árvores. Os materiais que as revestem – ardósia e madeira – potenciam o efeito desejado de escondimento.
A revisitação moderna desta ideia de casa na árvore confere uma inusitada originalidade ao local onde estão implementadas. O óculo frontal, recortando uma vista sobre as árvores em redor e a clarabóia, oferecendo um recorte do firmamento, articulam de forma exemplar a ideia da condição do humano, entre a terra e o céu.
Compostas por zona de dormir e de estar, casa de banho e cozinha, são surpreendentemente mais espaçosas por dentro do que parecem da parte de fora. Tal como as cobras que lhes emprestam o nome.
Neste projecto desenvolvido com o arquitecto Luís Rebelo de Andrade, procurámos trazer uma nova vida ao turismo termal deste Parque que se encontrava esquecido, cuja história precisava de ser reposta.