Há segredos muito bem escondidos mesmo à vista de todos. É o caso deste edifício na Travessa do Patrocínio, de linhas vincadamente modernas, que se insinua ao olhar, desenvolvido com o arquitecto Luís Rebelo de Andrade. Não se confundido com a arquitectura circundante, dada a sua notável contemporaneidade, consegue, no entanto, não destoar.
O edifício, com quatro pisos, está revestido com um jardim vertical composto por cerca de 4.500 plantas, criando, mediante a divisão de pisos, uma panóplia de aromas distintos: nas zonas sociais, sente-se o aroma a rosmaninho; no quarto, a lavanda e, na piscina, situada na cobertura, a açafrão. O edifício apresenta uma curvatura subtil pela qual traduz a ideia subjacente à sua construção: sugere – e este trabalho é todo ele feito de sugestões – a copa de uma árvore. A sugestão perdura mesmo dentro da casa – a sensação é a de se estar a viver o sonho da casa na árvore, transversal a todas as infâncias.
Por dentro, o aspeto mais notável é a escada de tiro, que confere uma unidade fundamental ao edifício e cuja influência são as escadas típicas de Alfama. O recorte da cobertura sobre o vão da escada, oferece uma abundante fatia de luz que banha os pisos subjacentes. O último piso do edifício compreende uma piscina desenhada longitudinalmente e pontuada com óculos, que tanto permitem perscrutar o movimento dos corpos que a frequentam, como distribuem luz pela sala de estar e de refeições. Quando se nada na piscina, parece que ela se distende e conflui com o recorte das casas no horizonte de Lisboa e a sensação é a de nadar no skyline da cidade.